Encerrada no último fim de semana, a
Campus Party
recebeu, como de costume, membros da comunidade da Mozilla no Brasil. E
entre programadores e outros apoiadores voluntários do Firefox, do
Firefox OS e de outras iniciativas de código aberto, um dos que se
destacava – pela idade – era o gaúcho
Samuel Flores Moraes.
Com 16 anos completados em meio ao evento de São Paulo, o jovem é um
dos responsáveis por gerenciar toda a infraestrutura de servidores e
comunicação usada por outros colaboradores de projetos da fundação.
A função é dividida com o colega Ricardo Panaggio e com uma equipe
criada pelos dois, cuja prioridade é manter a comunidade sempre em
comunicação, de forma a evitar que dois membros "batam cabeça" em suas
tarefas. O posto foi conquistado ao longo de três anos de envolvimento
na comunidade que conheceu quando tinha 13. Foi com essa idade que
entrou na lista de e-mails dos participantes, como ele mesmo contou a
INFO em conversa realizada ainda em meio ao evento de São Paulo.
“Mas foi só com 14 que eu fui me apresentar para os outros. Fiquei
quase um ano apenas lendo as mensagens”, explicou. “O pessoal me recebeu
bem e eu gostei, porque eles mal me conheciam e já me deram confiança.”
E apesar da pouca idade com que começou a se envolver com
programação, Moraes já acumulava algum conhecimento técnico na área.
Mais novo, frequentou um curso básico de informática na pequena cidade
onde nasceu, São Francisco de Assis.
Empolgado, virou frequentador assíduo de lan-houses até se mudar para
uma cidade maior e ganhar seu primeiro computador do pai. “E a partir
disso eu comecei a ficar fascinado com o que eu conseguia fazer com uma
máquina daquelas”, contou. “Eu não precisava comprar nada, eu tinha tudo
em minhas mãos, qualquer coisa eu podia fazer ali.”
Esse fascínio o levou a estudar linguagens, começando no HTML, para
depois pular para o CSS, o JavaScript e, finalmente, para o PHP. “Foi
aqui que eu precisei de um servidor, o que me fez parar essa parte de
programação e ir pra infraestrutura”, explicou Moraes. E é nessa área
que segue hoje na comunidade – que serve como um lugar para aplicar o
que aprendeu, algo que não dispunha antes de se envolver com os projetos
de código aberto.
O conhecimento e a prática ainda levaram o jovem a criar a própria
empresa, da qual tira os fundos para encarar as viagens – como a que fez
para palestrar na oitava Campus Party, a primeira edição que visitou.
Antes dela, porém, Moraes já havia passado – e se apresentado – pela
Feira Internacional do Software Livre, pela Latinoware e por outros
eventos relacionados ao software livre pelo Brasil.
A parte mais curiosa da história toda, no entanto, é que a família de
Moraes é toda leiga em informática, conforme o próprio jovem contou.
“Eu estou sempre mostrando aos meus pais como utilizar o computador”,
segundo o jovem, que pretende cursar Unicamp quando terminar o ensino
médio. A influência, portanto, só pode ter vindo indiretamente. “Minha
mãe diz que, desde pequeno, quando eu ganhava um brinquedo, eu não
brincava – eu desmontava”, conta. “E acho que isso que começou a me
ligar à parte de informática e até trabalhar com robótica e Arduino.”
Fonte:http://info.abril.com.br/noticias