O Brasil dedica à inovação baixíssima parcela de seu Produto Interno Bruto: apenas 1,13%. O dado faz parte de um levantamento de 2009 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que relaciona o PIB e o total de investimentos em pesquisa em desenvolvimento para um grupo de 40 países. Por ser um requisito básico para uma inserção mais expressiva na economia global, a situação preocupa. O índice do Brasil, segundo especialistas ouvidos por VEJA.com, está aquém do necessário a suas pretensões de desenvolvimento. Contudo, avanços importantes foram verificados ao longo da última década.
A inovação é o aproveitamento por parte das empresas de novas idéias, transformando-as em valor através da adoção de novos processos e criação de bens e serviços. Na média dos países pesquisados pela OCDE, a maior parte deles desenvolvidos, o investimento é de 2,28% do PIB. Entre os emergentes elencados pela entidade, a situação não é tão desvantajosa. Mesmo assim, o Brasil está atrás da China (1,44%) e da Coreia do Sul (3,21%). Outra variável que mensura a qualidade da inovação, o número de patentes, também coloca o país em posição desconfortável. Concede-se aqui cerca de uma patente por habitante em idade ativa. No Japão, elas chegam a mais de 120 por habitante.
Baixa familiaridade com o tema – A performance ruim dos indicadores está relacionada, segundo especialistas, ao fato de que o setor privado brasileiro investe pouco em inovação. Essa deficiência, segundo o especialista Ricardo Sennes, da consultoria Prospectiva, se verifica porque existe pouca familiaridade com o tema “inovação” no país. Em pesquisa realizada em 2009 pela “Global Entrepreneurship Monitor” (entidade ligada à London Business School), 83,5% dos empresários brasileiros entrevistados disseram que seus produtos e serviços não são ‘de forma alguma’ inovadores.
Para Sennes, a principal razão para essa falta de dinamismo das empresas nacionais é a baixa exposição ao mercado mundial. “Só inova quem está no jogo global. Ninguém inova para o mercado doméstico”, explica. Este ambiente, no entanto, mudou na última década. “Agora, além de as empresas estarem ingressando no mercado mundial, a concorrência está aqui dentro”, acrescenta.
Custo Brasil também atrapalha – A última Pesquisa de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE, monitorou as razões que dificultam a melhoria da inovação no país. Entre os aspectos apontados estão os altos custos e riscos associados à atividade, além da escassez de pessoal qualificado.
Os obstáculos se somam às já conhecidas deficiências estruturais do país, que, na visão do empresariado, assumem caráter de maior urgência no dia-a-dia dos negócios. Diante de uma carga tributária elevada e extremamente complexa, gargalos de infraestrutura, insegurança jurídica, juros e leis trabalhistas onerosas, muitas companhias tiram a inovação de sua lista de prioridades.
A gerente de pesquisa do Instituto Endeavor, Amisha Miller, aponta uma preocupação adicional do setor privado brasileiro: a ineficiência na proteção da propriedade intelectual no país. “Muitas vezes, essa falha aumenta tanto os riscos que tornam um determinado investimento inviável sob o ponto de vista econômico”, dispara.
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